Eu
poderia ter corrido naquela noite de sexta quando você me perguntou se eu
estava só, ou talvez eu devesse ter falado que tinha companhia, mas eu optei
pelo silêncio. Você perguntou se podia sentar-se e antes mesmo que eu pudesse
responder você se sentou, pediu um copo de whisky ao garçom e
ficou me olhando, eu é claro desviei meu olhar e fiquei admirando a parede a
minha frente enquanto pensava. O que ele viu em mim? Sinceramente eu não
conseguia achar nada em mim que poderia chamar atenção daquele belo rapaz.
Talvez fosse o meu jeito meio tímido de lidar com os homens, mas eu duvido
muito, ou talvez quem sabe, fosse o copo de vodka na minha mão… Eu estava
realmente confusa. O que aquele rapaz lindo queria comigo? Resolvi então parar
de pensar e beber, pois eu estava lá para isso, beber e esquecer todas minhas
dores, aquelas que não se cura em um hospital. O rapaz ainda me olhava, fitava
fixamente em meus olhos, talvez procurasse algo de bonito ali, ou então estava
afim de uma transa qualquer, sinceramente era mais fácil ele estar afim de uma
transa qualquer. Mas eu me surpreendi quando ele disse - “Seus
olhos, eles são lindos”, eu o ignorei por alguns instantes e dei um
gole no meu copo de vodka, estava paralisada, como pode ele achar meus olhos
castanhos escuros lindos? Comecei a imaginar então que ele estava bêbado. Logo
em seguida o rapaz me perguntou - “Do
que tanto você tem medo?”, eu realmente acho que ele não queira ouvir
meu discurso de uma hora e meia, então falei - “Das
pessoas”, você pode achar isso depressivo, solitário, mas era
exatamente como eu estava me sentindo, por alguns instantes se predominou um
silêncio ensurdecedor naquele lugar. O rapaz de olhos verde claros, cabelos
castanhos bagunçados, de 1,85 de altura aproximou-se um pouco de mim e falou - “Eu
sei que você deve achar que sou louco, talvez eu seja, mas eu vejo um escuro
nos seus olhos e não estou falando do castanho, estou falando da tristeza, mas
bem lá no cantinho, quase se perdendo, vejo também um pouco de esperança”,
nesse momento o rapaz segurou em minhas mãos, segurou firme e por ultimo disse “Cultive
essa esperança em seus olhos”.
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